Segunda-feira, 14 de novembro de 2022
Resultado do concurso levantou discussões sobre produção artística
Foto: Jason Allen
Por: Madson Souza no dia 27 de outubro de 2022 às 15:51
O que você acha da imagem que ilustra essa matéria? Pare e observe atentamente. Agora, o que você acharia se soubesse que essa imagem foi feita por uma máquina? Pode até parecer uma coisa do futuro, mas não é. A obra “Théâtre d’Opéra Spatial” foi feita com base em inteligência artificial e algoritmos. E não só isso, ela foi eleita vencedora de um concurso de arte no estado do Colorado, nos Estados Unidos, na categoria de artistas digitais emergentes. E claro que isso levantou todo um debate no mundo da arte e da tecnologia sobre o que isso significa para o futuro de ambas as áreas.
Primeiro, é preciso entender que as máquinas não tomaram consciência própria e passaram a produzir arte. A obra foi feita pelo designer Jason Allen no Midjourney, que é um programa que usa algoritmos treinados com fotos da internet para gerar novas imagens. Isso é arte gerativa – ou generativa, ou seja, qualquer prática artística que usa um sistema autônomo, com o artista construindo sua infraestrutura, definindo seus parâmetros e selecionando a obra final a partir dos múltiplos resultados que o sistema fornece.
Além do Midjourney, existem outras ferramentas de inteligência artificial que transformam texto em imagem, como o Dall-E, desenvolvido pela OpenAI, e o Imagen, do Google. A premissa é simples e interativa, basta acessar o site das ferramentas e escrever os parâmetros que você deseja para sua arte. Dependendo do sistema, você precisará escrever em inglês ou português.
Apesar da parte lúdica de utilizar máquinas para gerar obras de arte com conceitos inusitados simulando o estilo de artistas renomados, como Leonardo Da Vinci e Van Gogh, a tecnologia tem gerado polêmicas. Especialmente após a obra “Théâtre d’Opéra Spatial” ganhar o concurso no Colorado.
Para Guilherme Silveira, co-fundador e diretor de educação na escola de tecnologia Alura, discutir se arte gerativa é o fim do que conhecemos como arte ou se robôs vão substituir os artistas é um empobrecimento da discussão. Ele cita o exemplo de quando um artista usa uma câmera fotográfica automática para bater uma foto e não existe a discussão sobre se a obra é do fotógrafo ou da câmera.
“Existe um empobrecimento contínuo do que é arte quando a gente discute isso, porque envolve dizer que o estilo de Van Gogh é o traço dele. Quer dizer, o artista se reduz a um estilo de traço, ou a uma paleta de cores, ou a uma composição? Mas e todo o resto: o contexto social, político, educacional e toda a atuação que o artista tem naquele contexto? A inteligência artificial utilizada hoje ignora tudo isso. É uma falsa ideia de uma disputa entre homem e máquina”, argumentou Guilherme.
O especialista em tecnologia ainda cita as áreas de jogos e animações, como exemplo de profissões que já usam essa tecnologia como um suporte do trabalho humano. Definitivamente o futuro já é algo muito mais presente do que a maior parte de nós pode pensar e talvez isso não seja tão apocalíptico quanto parece à primeira vista.
*Texto publicado originalmente no Jornal Metropole
Jornal da Metropole
10 nov 2022
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Máquinas X artistas: robô vence concurso de arte – Metro 1
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