O corpo da carnavalesca Rosa Magalhães foi velado na tarde de sexta-feira, 26 de julho, no Palácio da Cidade, localizado em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. A cerimônia, que durou quatro horas, foi aberta ao público. Fãs, amigos e admiradores da professora, como Rosa era carinhosamente conhecida, compareceram em grande número para prestar suas últimas homenagens.
Cerimônia restrita no Cemitério São João Batista
Após o velório, o corpo de Rosa Magalhães foi levado ao Cemitério São João Batista, também em Botafogo, para uma cerimônia restrita a familiares e amigos próximos. A carnavalesca faleceu na noite de quinta-feira, 25 de julho, aos 77 anos, vítima de um infarto. Rosa deixou um legado impressionante no Carnaval, com sete títulos ao longo de mais de cinco décadas dedicadas à arte carnavalesca.
Homenagens emocionantes de colegas e admiradores
Milton Cunha, carnavalesco e comentarista dos desfiles das escolas de samba da TV Globo, foi um dos primeiros a chegar ao velório. Ele declarou: “Primeiro, a alegria, a honra, a sorte nossa de ter convívio com uma mulher dessa qualidade. Ela trazia suas referências e grandes histórias para a Sapucaí. Ela é motivo de orgulho para nós sambistas, nós da cultura popular. Ela deixa a prova que você estudando, se organizando, vira um grande artista. Deixa um buraco enorme no nosso coração. Obrigado, professora, a senhora foi o máximo. Vai na luz.”
Diversas escolas de samba, como Portela e Mocidade, além de organizações como a Ação da Cidadania, enviaram coroas de flores em sinal de respeito. Personalidades do samba, incluindo Kátia Drummond e Leandro Vieira, também prestaram suas homenagens.
Rosa Magalhães: inspiração para gerações de carnavalescos
João Vítor Araújo, carnavalesco da Beija-Flor e ex-carnavalesco da Paraíso do Tuiuti, onde trabalhou com Rosa no último Carnaval dela, declarou: “Eu acho que todos os carnavalescos tiveram a Rosa como fonte de inspiração. Todos nós artistas tivemos essa inspiração para que no futuro estivéssemos aqui. O Brasil perde a maior artista popular de todos os tempos.”
A Velha Guarda da Imperatriz Leopoldinense levou a bandeira da escola em homenagem a Rosa, que conquistou cinco títulos como carnavalesca da agremiação: 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001. Leandro Vieira, carnavalesco da Imperatriz Leopoldinense, falou sobre o sentimento de orfandade que a morte de Rosa deixa: “A Rosa é a mãe dessa geração. Ela também é um verbete do que é ser um carnavalesco. Ela é a régua do que é a justa medida do que é ser bom na contação de história, na produção de fantasia, na farra carnavalesca, que pode alegrar, que pode ensinar, que pode denunciar.”
Homenagens póstumas e legado eterno
Na próxima semana, o Festival Internacional de Cinema de Paraty exibirá o filme “Rosa, a Narradora de outros Brasis”, como uma homenagem à Rosa Magalhães. Librário Nogueira, diretor do filme, comentou: “Ela tem uma história inspiradora, que toca o coração de todo o Brasil e também o coração de outras mulheres. Estivemos na casa de Rosa, acompanhamos todo o trabalho dela, e estivemos também na Sapucaí no desfile final, e foi sensacional.”
Luiz Ricardo Leitão, autor da biografia “Rosa Magalhães: A moça prosa da Avenida”, prestou uma última homenagem antes da benção final, lembrando os feitos de Rosa e destacando seu título de Doutora Honoris Causa pela UERJ. Ele definiu Rosa como a “última modernista do carnaval brasileiro”: “Ela soube manter a brasilidade com sentido crítico, jocoso e sobretudo engenhoso. Ela nos mostrou que devemos cultivar e amar a arte popular.”
Fonte: Ofuxico

